CARNAVAL 2025GRUPO ESPECIAL

Leandro Vieira na Bienal do Livro: ‘Fui uma criança educada por escola de samba’

Na Bienal Internacional do Livro de 2023, o Café Literário teve uma abordagem única ao convidar o escritor e pesquisador Luis Antonio Simas para transformar o evento em uma animada mesa de bar. No evento da última sexta-feira, Simas mediou uma conversa com o professor e escritor Luiz Rufino, a cozinheira e sócia do bar Da Gema, Luiza Souza, e o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, Leandro Vieira. Durante a discussão, os quatro abordaram temas como festas, comida, ruas e carnaval, utilizando o subúrbio carioca como ponto de partida.

Simas, ao apresentar a mesa, destacou a peculiaridade de todos os participantes estarem conectados à cidade do Rio de Janeiro, vivendo e construindo suas vidas na Zona Norte. A conversa iniciou com Simas abordando a influência dos sambas de enredo em sua educação, citando exemplos como “Os sertões” da Em cima da Hora de 1976 e “Macunaíma” da Portela de 1975.

O escritor enfatizou sua infância educada por escolas de samba, evidenciando como os sambas de enredo foram suas primeiras introduções a eventos históricos e culturais. Ele ressaltou que as escolas de samba, como fenômeno artístico e de ancestralidade, desempenham um papel significativo na sociedade afro-carioca pós-abolição.

Leandro Vieira, atual carnavalesco campeão pela Imperatriz, refletiu sobre sua carreira, o papel das escolas de samba e a influência da criação suburbana em seu trabalho. Ele destacou a necessidade de compreender as escolas de samba como locais que pensam o país através de diferentes formas de expressão, como texto e corpo. Vieira ressaltou que as escolas de samba não devem ser vistas apenas como eventos festivos, mas como espaços que traduzem um pensamento pós-abolição, negociando pautas populares e reconhecendo comunidades.

O carnavalesco também defendeu a compreensão da escola de samba como um organismo consciente e intelectual, comparando-a a outras atividades comumente associadas à intelectualidade. Ele encorajou a perceber o corpo que dança, que veste fantasias e que traduz pensamentos como elementos de intelectualidade.

Ao final, Luis Antonio Simas questionou Leandro Vieira sobre a inventividade a partir da escassez no carnaval, e o carnavalesco explicou como cria beleza a partir dessa condição desafiadora.