Ancestralidade em cena: a Mangueira abre caminhos para o Carnaval 2026
Um início ritualístico que transforma história em presença viva
A Mangueira escolheu iniciar sua caminhada rumo ao Carnaval 2026 com um gesto de reverência. A comissão de frente se constrói como um espaço de encontro entre tradição e expressão contemporânea, onde a ancestralidade não é tema distante, mas força ativa que conduz cada passo apresentado ao público.
A figura do Preto Velho surge como eixo simbólico da narrativa, carregando significados profundos ligados à cura, à espiritualidade e ao saber transmitido pela oralidade. A interpretação foge do óbvio e busca o essencial, permitindo que o corpo fale onde as palavras não alcançam. É uma presença que silencia para ensinar.
O trabalho coreográfico revela um cuidado raro com o tempo. Nada é apressado. Cada gesto parece amadurecer ao longo do processo, respeitando a construção coletiva e a escuta sensível do enredo. A comissão se desenha como parte orgânica do desfile, entendendo que o impacto não está apenas na surpresa, mas na coerência.
Esse início anuncia mais do que um desfile tecnicamente bem executado. Ele aponta para uma Mangueira comprometida com sua história e com o papel cultural que exerce. Ao abrir a Avenida com ancestralidade, a escola reafirma que o Carnaval também é espaço de memória, resistência e identidade.

