Misailidis critica peso exagerado das alegorias sobre a narrativa nas comissões de frente
O renomado coreógrafo Misailidis fez uma análise afiada sobre o papel atual das comissões de frente no Carnaval carioca. Para ele, as apresentações estão se tornando cada vez mais dependentes das alegorias e efeitos visuais, deixando em segundo plano o verdadeiro propósito desse segmento: contar uma história por meio da expressão corporal e da coreografia.
Quando o espetáculo supera a narrativa
Segundo Misailidis, o crescimento técnico das alegorias — com estruturas gigantes, mecanismos hidráulicos e truques de impacto — vem tirando o foco do conceito artístico. “O peso está sendo mais em função da alegoria do que do projeto”, afirmou o coreógrafo, ressaltando que a criatividade cênica e a dança precisam voltar a ocupar o centro da avaliação.
Um alerta sobre equilíbrio e justiça
Ele defende que a comissão de frente não deve ser reduzida a um recurso cenográfico, mas sim reconhecida como um espetáculo coreográfico com narrativa, ritmo e emoção próprios. Misailidis também alertou para o risco de desequilíbrio competitivo: escolas com maior poder de investimento acabam se destacando mais pelo aparato técnico do que pela qualidade artística.
A busca pelo reencontro com a essência
Para o coreógrafo, é hora de resgatar o verdadeiro espírito das comissões: unir teatro, dança e simbolismo de forma coerente com o enredo. O público, acredita ele, se emociona mais com uma boa história contada no chão da Sapucaí do que com máquinas grandiosas. “É o humano que toca o coração — não o ferro”, conclui Misailidis.

