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No compasso da floresta: Mangueira dança o “Jeito Tucuju” para o Rio

Naquela noite quente, a Rua Visconde de Niterói se acomodou à espera de um trovão — e o trovão chegou verde e rosa. A Estação Primeira de Mangueira empurrou o asfalto com surdos, vozes e fé: o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra” subiu nos pulmões e explodiu como luz na madrugada. A comunidade cantou uníssono, impulsionada pela bateria de Taranta Neto e Rodrigo Explosão, que reforçou cada batida com força de raízes, como se aquela música viesse da terra, da mata, da água.

O casal Matheus Olivério e Cintya Santos trouxe ao desfile uma simbiose rara — movimento e sentimento, balanço e reverência. Cada giro, cada passo da bandeira parecia saudar a ancestralidade, convocar a memória da selva, do rio, da gente que dança. A comissão de frente, pensada por Karina Dias e Lucas Maciel, sob o signo do enredo, traduziu em gestos a luta por preservação, por identidade, por amor às origens — e transformou a rua em terreiro.

Quando os acordes finais vibraram, a Mangueira não se dispersou: permaneceu unida. A rua guardou o eco, o asfalto guardou o samba, o povo guardou o pulsar. Foi mais do que ensaio: foi promessa. A promessa de que, em 2026, o Rio vai ver mais do que desfile — vai ver resistência, vai ver floresta, vai ver a voz de um povo que canta com o coração batendo em verde e rosa.