Não é só coroa: é rotina, é alma, é chão de comunidade
O retorno de Iza à Imperatriz vira conversa íntima entre quadra, rua e coração
Existe uma diferença enorme entre ocupar um posto e habitar um lugar. E é exatamente nesse ponto que a comunidade da Imperatriz enquadra o retorno de Iza: como alguém que não aparece apenas para o momento nobre, mas que vem sendo vista, acompanhada, reconhecida na caminhada. A cantora reassume o posto após três anos, e o sentimento que aparece nas falas de quem está lá é direto: a volta faz sentido porque tem história, tem vínculo e tem presença constante.
A comunidade descreve uma rainha que conhece o samba, que se mistura ao fluxo do ensaio, que frequenta a quadra e a rua como quem sabe que o Carnaval é feito de repetição, suor e insistência. A presença, ali, não é entendida como corpo em cena apenas. É presença de tempo, de dedicação, de energia que apoia e devolve coragem para quem está desfilando antes mesmo do desfile existir. Quando uma rainha está junto, a escola sente. Quando ela é percebida como “pela gente”, a comunidade canta com outra fibra.
Há também uma camada simbólica forte: a ideia de que ser cria, morar perto, conhecer o entorno e carregar a identidade do território muda o peso do cargo. E, nesse retorno, aparece com nitidez a noção de poder como espelho. A comunidade não está falando apenas de glamour, mas de oportunidade de se enxergar num lugar alto sem perder a raiz.
No fim, o que se desenha é uma Imperatriz que não quer uma rainha distante, e sim uma rainha que caminhe junto. E o retorno de Iza, do jeito que vem sendo vivido, é lido como nova fase: um recomeço que não apaga o passado, mas o reorganiza, mais perto da escola, mais perto do chão, mais perto do que realmente sustenta o samba.

